segunda-feira, 21 de novembro de 2011

“Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola.”

Pedro Demo é professor do departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB). PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela University of California at Los Angeles (UCLA), possui 76 livros publicados, envolvendo Sociologia e Educação. No mês passado esteve em Curitiba para uma palestra promovida pela Faculdade Opet, e conversou com o Nota 10.

O tema de sua palestra é “Os desafios da linguagem do século XXI para a aprendizagem na escola”. Quais são os maiores desafios que professores e alunos enfrentam, envolvendo essa linguagem?

A escola está distante dos desafios do século XX. O fato é que quando as crianças de hoje forem para o mercado, elas terão de usar computadores, e a escola não usa. Algumas crianças têm acesso à tecnologia e se desenvolvem de uma maneira diferente - gostam menos ainda da escola porque acham que aprendem melhor na internet. As novas alfabetizações estão entrando em cena, e o Brasil não está dando muita importância a isso – estamos encalhados no processo do ler, escrever e contar. Na escola, a criança escreve porque tem que copiar do quadro. Na internet, escreve porque quer interagir com o mundo. A linguagem do século XXI – tecnologia, internet – permite uma forma de aprendizado diferente. As próprias crianças trocam informações entre si, e a escola está longe disso. Não acho que devemos abraçar isso de qualquer maneira, é preciso ter espírito crítico - mas não tem como ficar distante. A tecnologia vai se implantar aqui “conosco ou sem nosco”.

A linguagem do século XXI envolve apenas a internet?

Geralmente se diz linguagem de computador porque o computador, de certa maneira, é uma convergência. Quando se fala nova mídia, falamos tanto do computador como do celular. Então o que está em jogo é o texto impresso. Primeiro, nós não podemos jogar fora o texto impresso, mas talvez ele vá se tornar um texto menos importante do que os outros. Um bom exemplo de linguagem digital é um bom jogo eletrônico – alguns são considerados como ambientes de boa aprendizagem. O jogador tem que fazer o avatar dele – aquela figura que ele vai incorporar para jogar -, pode mudar regras de jogo, discute com os colegas sobre o que estão jogando. O jogo coloca desafios enormes, e a criança aprende a gostar de desafios. Também há o texto: o jogo vem com um manual de instruções e ela se obriga a ler. Não é que a criança não lê – ela não lê o que o adulto quer que ele leia na escola. Mas quando é do seu interesse, lê sem problema. Isso tem sido chamado de aprendizagem situada – um aprendizado de tal maneira que apareça sempre na vida da criança. Aquilo que ela aprende, quando está mexendo na internet, são coisas da vida. Quando ela vai para a escola não aparece nada. A linguagem que ela usa na escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. E aí, onde é que está a escola? A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais. Um texto que já tem várias coisas inclusas. Som, imagem, texto, animação, um texto deve ter tudo isso para ser atrativo. As crianças têm que aprender isso. Para você fazer um blog, você tem que ser autor – é uma tecnologia maravilhosa porque puxa a autoria. Você não pode fazer um blog pelo outro, o blog é seu, você tem que redigir, elaborar, se expor, discutir. É muito comum lá fora, como nos Estados Unidos, onde milhares de crianças de sete anos que já são autoras de ficção estilo Harry Potter no blog, e discutem animadamente com outros autores mirins. Quando vão para a escola, essas crianças se aborrecem, porque a escola é devagar.

Então a escola precisa mudar para acompanhar o ritmo dos alunos?

Precisa, e muito. Não que a escola esteja em risco de extinção, não acredito que a escola vai desaparecer. Mas nós temos que restaurar a escola para ela se situar nas habilidades do século XXI, que não aparecem na escola. Aparecem em casa, no computador, na internet, na lan house, mas não na escola. A escola usa a linguagem de Gutenberg, de 600 anos atrás. Então acho que é aí que temos que fazer uma grande mudança. Para mim, essa grande mudança começa com o professor. Temos que cuidar do professor, porque todas essas mudanças só entram bem na escola se entrarem pelo professor – ele é a figura fundamental. Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias, e deve se portar como tal.

Qual é a diferença da interferência da linguagem mais tecnológica para, como o senhor falou, a linguagem de Gutenberg?

Cultura popular. O termo mudou muito, e cultura popular agora é mp3, dvd, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam. Não exclui texto. Qual é a diferença? O texto, veja bem, é de cima para baixo, da esquerda para a direita, linha por linha, palavra por palavra, tudo arrumadinho. Não é real. A vida real não é arrumadinha, nosso texto que é assim. Nós ficamos quadrados até por causa desses textos que a gente faz. A gente quer pensar tudo seqüencial, mas a criança não é seqüencial. Ela faz sete, oito tarefas ao mesmo tempo – mexe na internet, escuta telefone, escuta música, manda email, recebe email, responde - e ainda acham que na escola ela deve apenas escutar a aula. Elas têm uma cabeça diferente. O texto impresso vai continuar, é o texto ordenado. Mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. Ele permite a criação conjunta de algo, inclusive existe um termo interessante para isso que é “re-mix” – todos os textos da internet são re-mix, partem de outros textos. Alguns são quase cópias, outros já são muito bons, como é um texto da wikipedia (que é um texto de enciclopédia do melhor nível).

Qual a sua opinião sobre o internetês?

Assim como é impossível imaginar que exista uma língua única no mundo, também existem as línguas concorrentes. As sociedades não se unificam por língua, mas sim por interesses comuns, por interatividade (como faz a internet por exemplo). A internet usa basicamente o texto em inglês, mas admite outras culturas. Eu não acho errado que a criança que usa a internet invente sua maneira de falar. No fundo, a gramática rígida também é apenas uma maneira de falar. A questão é que pensamos que o português gramaticalmente correto é o único aceitável, e isso é bobagem. Não existe uma única maneira de falar, existem várias. Mas com a liberdade da internet as pessoas cometem abusos. As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem isso no ambiente certo – e isso implica também aprender bem o português correto.

O senhor é um grande escritor na área de educação, e tem vários livros publicados. Desses livros qual é o seu preferido?

Posso dizer uma coisa? Eu acho que todos os livros vão envelhecendo, e eu vou deixando todos pelo caminho. Não há livro que resista ao tempo. Mas um dos que eu considero com mais impacto – e não é o que eu prefiro – é o livro sobre a LDB (A Nova LDB: Ranços e Avanços), que chegou a 20 e tantas edições. É um livro que eu não gosto muito, que eu não considero um bom livro, mas... Outros livros que eu gosto mais saíram menos, depende muito das circunstâncias. Eu gosto sobretudo de um livrinho que eu publiquei em 2004, chamado Ser Professor é Cuidar que o Aluno Aprenda. É o ponto que eu queria transmitir a todos os professores: ser professor não é dar aulas, não é instruir, é cuidar que o aluno aprenda. Partir do aluno, da linguagem dele, e cuidar dele, não dar aulas. O professor gosta de dar aula, e os dados sugerem que quanto mais aulas, menos o aluno aprende. O professor não acredita nisso, acha que isso é um grande disparate. Mas é verdade. É melhor dar menos aulas e cuidar que o aluno pesquise, elabore, escreva - aprenda. Aí entra a questão da linguagem de mídia: a língua hoje não é dos gramáticos, é de quem usa a internet. Então a língua vai andar mais, vai ter que se contorcer, vai ser mais maleável.

Então o professor gosta de dar aulas deve mudar esse pensamento?

É um grande desafio: cuidar do professor, arrumar uma pedagogia na qual ele nasça de uma maneira diferente, não seja só vinculado a dar aulas. A pedagogia precisa inventar um professor que já venha com uma cara diferente, não só para dar aulas e que seja tecnologicamente correto. Que mexa com as novas linguagens, que tenha blog, que participe desse mundo – isso é fundamental. Depois, quando ele está na escola, ele precisa ter um reforço constante para aprender. É preciso um curso grande, intensivo, especialização, voltar para a universidade, de maneira que o professor se reconstrua. Um dos desejos que nós temos é de que o professor produza material didático próprio, que ainda é desconhecido no Brasil. Ele tem que ter o material dele, porque a gente só pode dar aula daquilo que produz - essa é a regra lá fora. Quem não produz não pode dar aula, porque vai contar lorota. Não adianta também só criticar o professor, ele é uma grande vítima de todos esses anos de descaso, pedagogias e licenciaturas horríveis, encurtadas cada vez mais, ambientes de trabalho muito ruins, salários horrorosos... Também nós temos que, mais que criticar, cuidar do professor para que ele se coloque a altura da criança. E também, com isso, coloque à altura da criança a escola – sobretudo a escola pública, onde grande parte da população está.

Ponto de Vista: 

           A entrevista nos faz pensar no profissional que somos, fomos e seremos daqui para frente com as mudanças tecnológicas avançando cada vez mais. Como educadores precisamos ser eternos aprendizes. Diante do imenso conhecimento dos nossos alunos, é necessário que nós educadores reflitamos sobre as nossas ações pedagógicas, priorizando o uso das inúmeras tecnologias existente, desenvolvendo um trabalho mais atrativo e amplo.
Vivemos em uma nova época, onde as informações estão disponíveis para todos e de diversas maneiras diferentes e muitas vezes não sabemos utilizá-las e cabe a nós professores nos adaptarmos e tentarmos acompanhar esse novo universo, com o objetivo de melhorar nossas aulas.
Se bem utilizados os recursos tecnológicos pode nos aproximar dos alunos, e nos ajudar a dinamizar nossas aulas facilitando a compreensão dos conteúdos. Para o uso adequado destes recursos nós professores devemos buscar cursos e não parar diante das evoluções tecnológicas. Nós devemos está constantemente aprendendo novas coisas, interagindo com nossos alunos. 

Projeto Amora


Hoje conheci o Projeto Amora, o nome desse projeto não foi escolhido à toa. Em uma amora, os gomos são unidos. A palavra lembra amor, lembra mórula (fase embrionária em que se têm células em um aglomerado), lembra aroma também. 
A idéia do projeto surgir em 1995, com alguns professores que discutiam sobre as inovações que o colégio poderia fazer no ensino do primeiro grau. A metodologia escolhida foi à pesquisa - ação. As atividades são feitas até hoje com a quinta e a sexta série do Colégio de Aplicação.
O Projeto Amora  visa desenvolver a capacidade de autonomia dos alunos promovendo atividades que privilegiam diferentes formas de interação. Além disso, as atividades são planejadas para criar espaços para que o desenvolvimento e as aprendizagens das crianças possam ser acompanhados, possibilitando uma prática privilegia as intervenções capazes de auxiliá-las. 
No Projeto Amora o professor é o mediador, mas o aluno tem a oportunidade de escolher o assunto que quer estudar usando a internet, é o aluno como autor do próprio conhecimento.

Projeto Resgatando Memórias

O projeto pedagógico “Resgatando Memórias" foi desenvolvido pelos coordenadores e alfabetizadores das 28 turmas do Brasil Alfabetizado no ano de 2011, no município de São Francisco de Itabapoana.O projeto teve como objetivo principal mostrar a evolução das tecnologias. 


















segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Webquest - Metodologia pedagógica


Webquest é uma boa metodologia pedagógica, pois são atividades contextualizadas e motivadoras, orientadas para a pesquisa, em que toda ou quase todas as informações são encontradas na Web.

Uma webquest é constituída por cinco componentes:

1. Introdução – breve apresentação do assunto ou atividade de modo motivador e desafiante para os alunos;
2. Tarefas – onde se explicita a tarefa ou tarefas a serem realizadas;
3. Processo – indicam-se as etapas a seguir e os recursos a consultar;
4. Avaliação – apresentação dos critérios, ou seja, como o desempenho será avaliado;
5. Conclusão – resumo da experiência.

Exemplos de webquest:

Uso das tecnologias no trabalho por projeto

PROJETO: TRANSITO
PROFESSORA: BRUNA LOBO
01. INTRODUÇÃO
O momento em que vivemos retrata em todos os sentidos a busca do ser humano por algo que preencha o vazio resultante deste mundo globalizado que incentiva o consumo excessivo e desfaz valores. No trânsito ele não é diferente, competitivo e cada vez mais egoísta e agressivo. Alguns homens estão usando seus carros como armas e muitos inocentes estão pagando por suas vidas...
O uso do automóvel nos grandes centros brasileiros popularizou-se realmente nestes últimos anos. Embora muitos países possuam mais veículos do que no Brasil, a evolução do automóvel seguiu todos os estágios de crescimento, permitindo uma integração automóvel-pessoa.
Para compensar de um modo geral a discordância entre trânsito e população, tornam-se necessárias campanhas neste sentido. É preciso fazer algo! As famílias e as escolas precisam rever seus valores e suas práticas educativas, como um canal de informações para as crianças.

02. JUSTIFICATIVA
A maior parte de nossa clientela faz uso dos carros particulares e transportes escolares, os que moram nas proximidades da escola, utilizam as vias públicas para se locomover. Portanto, este projeto vem atender às necessidades da escola e da nova lei que inclui o Trânsito como um dos "Temas Transversais" a ser trabalhado na Educação Infantil.

03. OBJETIVOS
* Identificar a Educação para o Trânsito como fator de segurança pessoal e coletiva;
* Identificar comportamentos que proporcionem segurança no trânsito e os comportamentos que proporcionem ou comprometem essa segurança;
* Registrar comportamentos dos motoristas e pedestres nas vias públicas;
* Analisar atitudes positivas e negativas, comparando-as com as normas estabelecidas no Novo Código Brasileiro de Trânsito;
* Observar o movimento de pessoas dentro da Escola;
* Analisar a influência do espaço e a direção na circulação interna da Escola;
* Identificar regras de circulação como fatores importantes na ordem e segurança da Escola;
* Identificar o significado da sinalização;
* Descrever a sinalização de trânsito como fator de segurança;
* Interpretar mensagens de sinalização de trânsito;
* Reconhecer as cores dos sinais de trânsito;
* Desenvolver a atenção e a percepção;
* Identificar os principais sinais de trânsito;
* Ensinar obediência à sinalização;
* Trabalhar as virtudes: Paciência, Tolerância , Responsabilidade e Humildade.

04. ATIVIDADES A SEREM TRABALHADAS
- Debates em rodinhas;
- Passeios o redor da escola para conhecimento das sinalizações (faixas ), placas e semáforos;
- Conhecer e trabalhar as normas e regras existentes na escola;
- Entrevista com guarda de trânsito;
- Textos informativos e ilustrativos com abordagem sobre o assunto;
- Criação de um código escolar para o trânsito nas dependências da escola;
- Poesias, músicas, desenhos , confecção de placas, exercícios avaliativos, maquetes;
- Confecção de murais, palavras cruzadas, mapeamento percurso escola/casa;
- Discussão sobre a importância das regras de trânsito.

05. RECURSOS
- HUMANOS: alunos, professores, pais, guarda de trânsito.
- MATERIAIS: gravuras, vídeos, recortes, textos informativos, materiais recicláveis, cartazes, dobraduras, colagens, pinturas, livros, revistas, jornais, carros motorizados infantis e velotrol, placas de trânsito.

06. CONTEÚDOS
- PORTUGUÊS: interpretação de placas de trânsito com os seus significados; debates, vídeos.
- MATEMÁTICA: desenhos geométrico.
- ARTES: cores dos semáforos, faixas educativas, recortes, confecção de meios de transportes (materiais recicláveis).
- HISTÓRIA/ GEOGRAFIA: o trânsito urbano, rural e grandes cidades, noção de espaço das vias urbanas, pedestres e ciclovias.
- CIÊNCIAS: primeiros socorros.

07. AVALIAÇÃO
Será feita durante todo o desenvolvimento do projeto, considerando:
- Observando a participação, interesse e entusiasmo;
- Resolução de dúvidas;
- Avaliando o desenvolvimento da criatividade dos alunos na confecção de cartazes;
- Avaliação da elaboração de normas e regras estabelecidas pelos próprios alunos, para o trânsito nas dependências escolares;
- Observando as mudanças comportamentais;
- Culminância com a exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos;

Ponto de vista

O trabalho por projeto potencializa a interdisciplinaridade, ou seja, permite romper com as fronteiras disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas do conhecimento numa situação contextualizada da aprendizagem. O projeto é uma atividade intencional, com um objetivo claro que dá unidade às ações a serem desencadeadas, supondo a integração de professores e alunos.
No entanto, o projeto com objetivo mal definido tem ampla chance de fracasso. Não se sabendo onde se deve chegar não se chega a lugar nenhum.

Navegação à deriva



Navegar na internet não é tão simples quanto parece, pois os caminhos navegados são imprevistos e às vezes indesejados. Na busca de referências estamos sempre voltando a páginas iniciais. Algumas vezes conseguimos, outras não, mas sem dúvida, nesse navegar à deriva também aprendemos, selecionamos informações que encontramos por acaso e adquirimos segurança.

Ctrl C x Ctrl V


Muitas vezes, para desenvolvermos nossa própria opinião sobre determinado assunto, sentimos a necessidade de buscarmos opinião de outras pessoas e a internet nos abre um grande leque para pesquisa, mas toda vez que utilizarmos de material tirado da internet devemos citar a fonte, tendo ciência das penalidades que estamos sujeitos, tendo ainda o cuidado de verificar a confiabilidade do conteúdo em questão.

Num mundo wiki, uma escola idem

Por Jaime Balbino
Data de Publicação: 15 de Janeiro de 2007
Daqueles que já visitaram a Wikipedia ou dela ouviram falar, muito poucos tem claro como é a sua estrutura de trabalho e o quanto ela é revolucionária. Reduzi-la ou somente compará-la a tantas outras enciclopédias existentes retira o que há de mais caro no seu modelo. Perde-se a perspectiva de compreender, reproduzir e reaplicar esta inovação. Neste ensaio pretendo ajudar a esclarecer um pouco mais desta importante ferramenta contemporânea, um fenômeno social raro que não deve ser ignorado por aqueles que pensam seriamente a educação.

Uma contribuição à liberdade

Dentre as ferramentas desenvolvidas pelas comunidades de software livre para viabilizar seu modelo colaborativo de desenvolvimento de códigos-fonte, encontra-se o wiki, um modelo de organização e gestão colaborativa de documentos criado por Ward Cunningham em 1994 e que é muito utilizado pela comunidade de software livre para a documentação de programas e criação de apostilas.
De uma idéia para auxiliar a criação de apostilas e manuais em grupo o modelo acabou sendo adotado por Jimmy Wales e Larry Sanger - que já tinham posto em prática a Nupedia um ousado projeto de enciclopédia on-line colaborativa. O sistema original utilizava editores especialistas em suas áreas para validar o conteúdo. Ao contrário deste sistema, o modelo wiki funcionava bem, mesmo não possuindo organização prévia ou controle contínuo dos membros.
Curiosamente, o wiki organiza e mantem a qualidade do conteúdo mesmo sendo composto por materiais dispersos, produzidos levianamente por pessoas com interesses comuns, mas sem qualquer organização prévia ou controle contínuo dos membros. O interesse inerente em qualquer grupo de preservar o conhecimento que os une e lhes dá identidade parece ser o suficiente para garantir a produção, manutenção e atualização do material.
(Uma coisa interessante aqui é que Jimmy e Larry, num ato espirituoso e nobre condizente com a cultura do software livre, não só incorporaram as idéias e o modelo wiki ao seu projeto, como também o renomearam, homenageando assim de maneira definitiva aqueles que vieram antes deles.)
A Wikipedia é uma experiência colaborativa radical. É difícil encontrar iniciativas semelhantes mesmo entre outros projetos de software livre: uma enciclopédia mundial em que qualquer pessoa pode não só ler seu conteúdo como modificá-lo, acrescentando, retirando, ligando outros documentos, reformatando, corrigindo e traduzindo seus verbetes. A fiscalização do trabalho é feita pelos próprios usuários, que podem atualizá-la com as últimas informações ou apagar informações erradas ou mentirosas que tenham sido incluídas por desinformados ou vândalos.
Um avançado controle de revisão (no estilo do CVS para desenvolvimento colaborativo de códigos) permite que todas as versões antigas dos textos possam ser lidas ou recuperadas. Discussões podem ser travadas no espaço apropriado de cada verbete, a estrutura simples de edição e formatação torna a criação fácil e prazerosa, mesmo para os não iniciados. Apesar disso tudo, o conceito é poderoso e difícil de ser assimilado por aqueles que ainda tem encucada a idéia de um "conhecimento central", definido e administrado pormestres de notório saber, designados de alguma maneira ritual e pela tradição para este nobre trabalho.
Ser autor de um texto livre, dinâmico e mutável contrasta com o modelo linear e "seguro" dos livros, programas de televisão e mesmo do hipertexto padrão daquelas webpages seguras, quase estáticas e sob responsabilidade de um editor ou jornalista. No entanto, a experiência da Wikipedia nos mostra que a confiabilidade do seu conteúdo é superior ao das melhores enciclopédias do mundo. A relação entre o número de verbetes que possui e os que de fato foram atingidos por vândalos é insignificante, além de plenamente reversível. Os danos causados por tais ataques não são nem um pouco relevantes e não há indicativos de que eles o sejam no futuro, simplesmente porque é impossível um movimento de negativação que consiga modificar um número significativo de verbetes, muito menos de forma permanente (um apresentador da televisão americana também tentou instigar sua grande audiência a fazer isto, sem sucesso).

O que é conhecimento?

"Mas, mesmo assim, porque não confiar no conhecimento institucionalizado, guardado nos livros, nos intelectuais e nos funcionários públicos designados para tal? Mesmo que eles não sejam tão ágeis na disseminação, eles de fato possuem o notório saber, aquele que realmente faz o mundo andar e se desenvolver..."
Para compreender a Wikipedia é necessário entender o conhecimento como fenômeno social coletivo e não como posse e propriedade de uma elite - da qual podemos ou não nos sentir parte. Não estamos aqui falando, valorizando ou distinguindo uma cultura popular e uma cultura do status quo, pois não existe esta dicotomia no "mundo wiki". O que existe é um grupo de pessoas que vive e interpreta o mundo e que, por meio da linguagem, pode expressar esse seu conhecimento de forma competente e sintonizada com o outro (quer seja ou não da mesma classe social).
Em resumo: qualquer um tem propriedade para escrever sobre algo. O próprio fato dele poder escreverfalar e atuar continuamente é prova desta sua competência sobre os saberes que desenvolveu ao longo da vida. Escrever, em especial, não é um ato solitário e torna-se mais público e grupal com as possibilidades da teleinformação e das ferramentas da Wikipedia.
Há algo de Paulo Freire aí, e não é obra do acaso. Os milhares de anônimos, intelectuais orgânicos que hoje tornam esta experiência realidade são a prova maior da viabilidade destas idéias.

Conhecimento e conceito

Não se pode ler um verbete da Wikipedia sem participar. Isto torna a leitura pobre e sem sentido. O conhecimento lá não é só uma matrix hipertextual que parte da interpretação individual para atingir o coletivo, como diria Pierre Levy. O hipertexto e seus links são apenas parte das possibilidades. Num texto dinamicamente escrito e reescrito, por autores conscientes do seu poder de influir na coletividade, o que temos é o surgimento também de camadas, dobras, platôs, múltiplos, histórias (num sentido mais deleuziano). Para se chegar a uma conclusão condizente com os objetivos de um wiki, deve-se não apenas seguir os links, mas acompanhar e interpretar a história, os diversos momentos do texto que lá está. Isto é, não temos "quase-conceitos" ou "pseudo-conceitos", criados individual e coletivamente, que juntos formam um conceito ou uma idéia. O que temos em cada verbete é um conceito pleno, que representa uma idéia na sua plenitude, desde que nos deixemos desvelá-lo. Vigotsky fala desta necessidade de abstrair e refletir sobre o conhecimento para se conceituar de forma consistente o universo (*).
Não há concretude no Conhecimento, se é posto de forma definitiva ele é apenas objeto de alienação. A reflexão é o que permite olhar para além do que está posto, trabalhar a informação e reinterpreta-la de volta ao mundo, como resultado de nossa contemporaneidade. Esta desconfiança deveria ser inerente a qualquer tipo de informação ou método de ensino, no "mundo wiki" ela se encontra canalizada como combustível e motor de um conhecimento dinâmico, em constante transformação.

Concluindo

Tudo o que foi dito sobre a Wikipedia pode ser utilizado para qualquer wiki ou modelo correlato, mas a Wikipedia com certeza é a experiência mais bem sucedida e a principal desenvolvedora deste modelo de gerência do conhecimento. Seus softwares, documentos e soluções estão disponíveis naMediaWiki livremente, é claro.
Curiosamente, não utilizei a Wikipedia para fazer este artigo. Não queria repetir algo que já pudesse ser encontrado aqui.
É claro que (ainda) não é possível encontrar tudo na Wikipedia e o que dissemos refere-se aos milhares de verbetes onde o trabalho coletivo de fato acontece e onde a polêmica não impôs a necessidade de mediação rigorosa. Você pode ajudar a ampliá-la e melhorá-la, descobrindo um assunto do seu interesse e desenvolvendo-o lá, também pode disponibilizar alguma produção antiga sua que considere importante para os outros. Se desejar, pode simplesmente criar uma referência externa ou citar a obra.
Na próxima semana trataremos especificamente das possibilidades de uso do modelo wiki e da Wikipedia na educação.

Nota

(*) "Conceito" em Vigotsky nada tem a ver com a definição de Deleuze para o mesmo termo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pela Internet - Gilberto Gil

Criar meu website
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje

Que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve um oriki do meu velho orixá
Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá
Depois de um hot-link
Num site de Helsinque
Para abastecer
Eu quero entrar na rede

Promover um debate
Juntar via Internet
Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut acessar
O chefe da Macmilícia de Milão
Um hacker mafioso acaba de soltar
Um vírus pra atacar programas no Japão

Eu quero entrar na rede pra contactar
Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular
Que lá na praça Onze tem um videopôquer para se jogar

Mini dicionários - Palavras da Net

  • Blog - Um blog (português brasileiro) ou blogue (português europeu)[1][2] (contração do termo inglês Web log, diário da Web) é um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog.
  • Hiperlink -O hiperlink é uma ferramenta de redirecionamento na Web. Sabe quando vem uma palavra geralmente escrita em azul sublinha embaixo? E quando você clica, ela te direciona para uma outra página na Web.
  • Hipermídia -Segundo Laufer & Scavetta,hipermídia (ou Hipermédia em Portugal) é a reunião de várias mídias num suporte computacional, suportado por sistemas eletrônicos de comunicação. O livro Texte, Hipertexte, Hipermedia, lançado originalmente em francês, faz alusões explícitas ao criador do Hipertexto e da Hipermídia e procura dar uma visão histórica dos fatos relacionados à invenção do conceito. No Brasil um dos primeiros livros lançados sobre o tema foi o do pesquisador André Parente. O livro Imagem-Máquina, editado pela editora 34 em 1993 traz uma série de textos interessantes sobre o assunto.
  • Hipertexto -  é o termo que remete a um texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências específicas denominadashiperlinks, ou simplesmente links. Esses links ocorrem na forma de termos destacados no corpo de texto principal, ícones gráficos ou imagens e têm a função de interconectar os diversos conjuntos de informação, oferecendo acesso sob demanda as informações que estendem ou complementam o texto principal. O conceito de "linkar" ou de "ligar" textos foi criado por Ted Nelson nos anos 1960 e teve como influência o pensador francês Roland Barthes, que concebeu em seu livro S/Z o conceito de "Lexia"[carece de fontes?], que seria a ligação de textos com outros textos. Em palavras mais simples, o hipertexto é uma ligação que facilita a navegação dos internautas. Um texto pode ter diversas palavras, imagens ou até mesmo sons, que, ao serem clicados, são remetidos para outra página onde se esclarece com mais precisão o assunto do link abordado.
  • Intertexto - Pode-se definir a intertextualidadecomo sendo a criação de um texto a partir de um outro texto já existente . Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela é inserida.
  • Link - é um "atalho", que pode ser uma palavra ou uma frase, geralmente destacado em azul dentro do texto, que você usa para sair de uma página direto ao assunto comentado em outra página, como exemplo conheça a página principal do site do Wikipédia que é uma enciclopédia digital, espero que goste.
    clique aí neste link com o botão direito do mouse e selecione "Abrir em uma nova janela":
  • Portifólio - Um portfólioportefólioportifólio (ou ainda porta-fólio) é uma lista de trabalhos de um profissional ou empresa. O portfólio é uma coleção de todo o trabalho em andamento na organização relacionado com o alcance dos objetivos do negócio. Toda organização tem um portfólio, mesmo que não reconheça especificamente. Consiste nos trabalhos que estão em andamento na empresa, estejam estes trabalhos relacionados de alguma forma entre si ou não. Algumas organizações tem portfólios separados por departamentos, divisões ou unidades de negócio. Em última instância, deve haver um portfólio abrangente para a organização como um todo.
  • Web QuestWebQuest (do inglês, demanda da Web) é uma metodologia de pesquisa orientada daWeb, em que quase todos os recursos utilizados são provenientes da mesma. Foi proposta pelo Professor Bernie Dodge, da Universidade de São Diego, em 1995, com a participação do seu colaborador, ao tempo, Tom March[1] .
    Para desenvolver uma WebQuest é necessário criar um site que pode ser construído com um editor deHTML, serviço de blog ou até mesmo com umeditor de texto que possa ser salvo como página daWeb.
    Uma WebQuest tem a seguinte estrutura:

    • Introdução
    • Tarefa
    • Processo
    • Recursos
    • Avaliação
    • Conclusão
Dado tratar-se de um trabalho essencialmente educativo é frequente acrescentar ainda sugestões e orientações para o professor.
No Brasil há diversas experiências sobre o trabalho com WebQuests publicadas no site da Escola do Futuro, Colégio SAA, Colégio Dante Alighieri,MackenzieSENAC, [EscolaBR][2] ligação externa] e Colégio Marista de Maceió. Além disso, há uma competição nacional, o Desafio Nacional Acadêmico, baseada nesta metodologia.
  • Wikipédia - Wikipédia é uma enciclopédia multilíngüe online livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. Por ser livre, entende-se que qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modificado e ampliado, desde que preservados os direitos de cópia e modificações, visto que o conteúdo da Wikipédia está sob a licença GNU/FDL (ou GFDL).

    Criada em 15 de Janeiro de 2001, baseia-se no sistema wiki (do havaiano wiki-wiki = "rápido", "veloz", "célere").
Fonte: Wikipédia e site Yahoo

Planeta Educação

No meio passeio diário pela web hoje eu encontrei o Planeta Educação, um portal educacional da empresa Vitae Futurekids que tem como objetivo disseminar o Uso Pedagógico e Administrativo das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação nas escolas públicas brasileira de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.
O que mais me chamou a atenção foram os artigos sobre filmes, pois neles os filmes são apresentados de maneira que nos possibilitam apresenta-los aos nossos alunos de maneira significativa.

Uma pequena amostra do que encontrei:



O filme, A era do gelo, é muito interessante porque mostra a capacidade do ser humano de adaptação a qualquer ambiente e seu elo entre o ser humano e os animais. O filme é fantástico na reconstituição da fauna de mamíferos fósseis, muito deles posíveis ancestrais de bichos que encontramos no Brasil.

Porta Curtas - Minhocas



O curta Minhocas é uma excelente animação, por falar com as crianças de maneira objetiva, clara e ainda apresentar inúmeras possibilidades pedagógicas.   Ao retratar uma divertida família como muitas, cheia de dúvidas, proporciona a educadores e educandos repensar, discutir conceitos e tratar assuntos como a morte, além de resgatar a importância do diálogo na família.
E você o que achou? Comente!!!